Revista Sobrado

De volta ao formato 100% presencial e à Cachoeira, Panorama Internacional Coisa de Cinema chega à 18ª edição

Em sua 18ª edição, o Panorama Internacional Coisa de Cinema retoma a programação 100% presencial e volta a ser realizado em Cachoeira. Com mais de 100 filmes distribuídos em mostras competitivas e paralelas, o festival acontece de 3 a 9 de novembro, no Cine Metha – Glauber Rocha (Salvador) e no Cine Theatro Cachoeirano (Cachoeira). Mantendo a tradição, as sessões competitivas são seguidas de debate com diretores e representantes das equipes dos filmes.

“Nada contra o streaming, mas acreditamos que a experiência cinematográfica se dá plenamente na sala de cinema. O Panorama possui essa ligação muito forte com as salas de rua e com os centros históricos. Estamos muito contentes em retornar plenamente ao presencial em Salvador e em Cachoeira”, comemora Cláudio Marques, idealizador e um dos coordenadores do Panorama.

As produções selecionadas serão exibidas nas competitivas Nacional, Baiana e Internacional, em mostras dedicadas ao cinema de animação, filmes brasileiros e homenagens a cineastas, além das sessões especiais, as exibições de abertura e encerramento, e a programação musical.

O Panorama é uma realização da produtora Coisa de Cinema, com apoio financeiro do Instituto Flávia Abubakir e do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

Competitiva
Entre os longas-metragens que integram a Competitiva Nacional está “Regra 34” (RJ), de Julia Murat, vencedor do último Festival de Locarno (Suíça). Na trama, uma jovem defensora pública defende mulheres em casos de abuso enquanto alimenta interesses sexuais que envolvem violência. Já “Mato Seco em Chamas”, de Adirley Queirós e Joana Pimenta, premiado no IndieLisboa e no Festival do Rio, conta a história das Gasolineiras de Kebradas, um negócio peculiar, baseado na retirada de petróleo de dutos de Ceilândia (DF) para transformação em gasolina e venda a motoboys.

Eleito melhor filme na premiação para obras de temática LGBTQIA+ do Festival de Berlim, “Três Tigres Tristes” (SP), de Gustavo Vinagre, acompanha três jovens queer vagando por uma cidade sangrando pela pandemia e pelo capitalismo desenfreado. A mostra traz ainda o baiano “Mugunzá”, de Glenda Nicácio e Ary Rosas, um longa sobre a perda do amor e dos sonhos de Arlete, frente ao seu desejo por justiça. A obra tem o ator Fabrício Boliveira no principal personagem masculino.

A seleção de oito longas inclui o documentário baiano “Cidade Porto”, de Bernad Attal; “Maputo Nakuzandza” (SP), de Ariadine Zampaulo; “Pele” (MG), de Marcos Pimentel; e “Eneida” (PR), de Heloísa Passos. A Competitiva tem ainda dezessete curtas-metragens, que serão exibidos aos pares, ou em trio, antecedendo os longas-metragens.

Na Competitiva Baiana, 25 filmes de ficção, documentários, animações e curtas experimentais representam a produção estadual dos últimos dois anos. A mostra é composta por 21 curtas e os longas “Alan”, de Diego Lisboa e Daniel Lisboa; “Alice dos Anjos”,  de Daniel Leite Almeida; “Oceano”, de Bruno Masi; “Saberes Quilombolas”, de Plínio Gomes e Bruno Saphira.

Fechando as competitivas, a Internacional reúne seis longas e 12 curtas produzidos em 24 países, trazendo a Salvador filmes inéditos de lugares como Lituânia, Bélgica, Arábia Saudita, Gana e Guiana Francesa. Premiado no último Festival de Veneza, “O Grande Movimento” (El Gran Movimiento), coprodução entre Bolívia, França, Catar e Suíça, dirigido pelo boliviano Kiro Russo, é um dos destaques da mostra.

Abertura
Um filme nunca exibido em Salvador e duas homenagens marcam a programação de abertura do festival, no dia 3 de novembro. Com a presença do diretor Marcelo Gomes e da protagonista Kika Seixas, premiada no último Festival do Rio, o público poderá conferir “Paloma”, com a luta de uma agricultora transexual para conseguir casar na igreja numa pequena cidade de Pernambuco. Os dois participarão de um debate após a sessão.

A noite tem ainda a exibição de “A Rainha Diaba”, em cópia restaurada, uma homenagem ao ator Milton Gonçalves, protagonista da trama, que morreu este ano. O diretor Antônio Carlos Fontoura conversará com o público ao final. O início da maratona cinematográfica também homenageia o cineasta francês Jean-Luc Godard, falecido no último mês de setembro, com uma sessão do clássico “Acossado”.

No encerramento (9/11), a premiação será precedida pela exibição de “A mãe”, de Cristiano Burlan, protagonizado por Marcélia Cartaxo. Ambos estarão presentes e conversarão com o público ao final. O filme conta a história de Maria, uma mãe solo da periferia de São Paulo que procura pelo filho desaparecido. Em meio às buscas pela vizinhança, ela incomoda traficantes locais e descobre que o filho pode ter sido assassinado pela polícia, iniciando uma busca pela verdade.

De volta ao festival, os Panoramas Brasil e Animação prometem atrair o público para ver filmes de diferentes gêneros e estilos. A mostra de filmes brasileiros exibirá “Môa, raiz afromãe”, de Gustavo McNair, documentário sobre a história do Mestre Môa do Katendê e sua importância no processo de reafricanização do carnaval baiano. Entre as produções programadas destaca-se ainda “A praga”, último trabalho do cineasta José Mojica Marins, que permaneceu inacabado por quase 20 anos.

Técnicas diversas aplicadas em curtas-metragens produzidos no Brasil e mais uma dezena de países trazem um panorama do cinema de animação mundial para a programação do festival. A quebra de expectativa coloca em destaque “Good night Mr. Ted”, do diretor espanhol Nicolás Sole Allignani, um filme de terror protagonizado por um ursinho de pelúcia trocado por outro brinquedo.

Especiais
O centenário do nascimento de Pier Paolo Pasolini será comemorado com a exibição de seis filmes em cópias restauradas na mostra “O cinema segundo Pasolini”, promovida pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro. O baiano Geraldo Sarno, morto no início deste ano, será homenageado com a exibição de quatro obras da sua filmografia, incluindo “Sertânia”, a última delas. 

O cinema baiano também estará em destaque nas sessões especiais do Panorama, com a exibição de “O anjo negro”, de José Umberto, que completa 50 anos de lançamento, com a história de uma família desafiada a enfrentar suas contradições após a aparição de um emissário de exu. A produção pernambucana marcará presença com os 20 anos de “Amarelo manga”, de Cláudio Assis. Há ainda o Panorama Convida, com a diretora Ceci Alves apresentando o seu “Da alegria, do mar e de outras coisas” e convidando “Won’t you come out to play?”, de Julia Katharine.

A tradicional oficina de Crítica Cinematográfica será ministrada pelo crítico André Dib, dando origem ao Júri Jovem e à equipe do site Pílulas Críticas, e roteiros e filmes em fase de montagem contarão com os laboratórios ofertados pelo festival. Consultor do PanLab de Roteiro desde a primeira edição, Aleksei Abib também lançará seu primeiro romance “O templo”, durante o Panorama.

Instituto Flávia Abubakir a instituição nasceu do desejo do casal Frank e Flávia Abubakir de dar corpo e ferramentas às suas ações no campo da responsabilidade social. A iniciativa parte da compreensão de que a dignidade e a valorização do ser humano são indispensáveis para todos numa sociedade, e a cultura, a produção e a fruição da arte são essenciais na construção de identidade e os laços da comunidade com a arte e a expressão.

Fundo de Cultura – criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura, em articulação com as Secretarias da Cultura e da Fazenda, custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Modelo de referência para outros estados da federação, o Fundo está estruturado em quatro linhas de apoio: Ações Continuadas de Instituições Culturais sem fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizados; Mobilidade Cultural e Fomento Setorial.

SERVIÇO
O que: XVIII Panorama Internacional Coisa de Cinema
Quando: 3 a 9 de novembro
Onde: Salvador: Cine Metha – Glauber Rocha (em frente à Praça Castro Alves)
Cachoeira: Cine Theatro Cachoeirano
Preço: Em Salvador,R$12 (inteira)/ R$6 (meia) e passaporte individual para 10 sessões por R$40. Em Cachoeira, o acesso é gratuito.
Programação:  panorama.coisadecinema.com.br.