Revista Sobrado
Foto: Milena Abreu / Divulgação

Rei Lacoste lança clipe com parceria internacional

Um verdadeiro intercâmbio cultural, a conexão Brasil e México, provocada pelo rapper baiano Rei Lacoste no webclipe do single Gardênias é apresentada ao público com uma fluidez ímpar. O clipe tem participação do também artista baiano Giovani Cidreira, conhecido como GIO, e da artista mexicana Piu Knup, que representa a parceria internacional.

Em entrevista à Sobrado, Rei Lacoste conta que tudo partiu do beat, da base “Ganhei [o beat] de presente de aniversário de 2KIKE, um amigo do Selo Balostrada Records. Ainda não sabia o que fazer. Saí então de turnê pelo México, conheci Piu Knup, que é uma artista mais do punk, aí a convidei pra participar comigo de uma parceria no Trap”, lembra.

“Foi então que criei Gardênias. Comecei escrevendo no avião de volta pra o Brasil. Tivemos que interromper a turnê e voltar de forma emergencial por conta da pandemia. Já aqui em Salvador, começamos a ajustar tudo, gravamos o single e o clipe com equipe reduzida e respeitando os protocolos. As participações são grandes presentes. Lá em Guadalajara, Piu gravou voz e imagem, mandou e a gente fez a montagem aqui”, completa o artista.

A obra segue a lógica da faixa e abre a interpretação para liberdade, o amor e uma vivência com interseção cultural. Para Rei Lacoste, também diretor e roteirista do clipe, “a filmagem na orla, com ambientação típica do litoral de Salvador e, ao mesmo tempo, a diferença entre as cidades, a divisão de dois canais na tela e as imagens em câmera lenta, chamam atenção para a presença de vários signos que permitem esse discurso livre”.

Parceria são importantes em todas as produções artísticas, é ganho pra os produtores e também para o público. Sobre as parcerias no single e clipe, GIO diz: “Não me interessa nada que não traga alguma novidade visual e eu acho que as produções de Rei Lacoste trazem uma estranheza, mas a gente consegue entender as referências, passear pelo o que está rolando de forma própria e única. E nós somos isso, até por ser de Salvador, sem muita estrutura, a gente acaba indo além na imaginação”.

A produção de Rei Lacoste chama atenção pelo cuidado detalhado em criar um diálogo com o público do início ao fim. Para finalizar a entrevista, tive que tentar achar um segredinho do artista, que revelou: “acho que a imagem tá atrelada à criação musical como coisa fundamental, às vezes crio uma capa e depois faço a música. É importante pensar imagem através da música. Crio uma linguagem própria inspirada no Surrealismo Tropical, Surrealismo Espanhol, das vanguardas europeias”.

Rei Lacoste é formado em cinema, rapper, compositor, designer, produtor musical e audiovisual, além de doutorando em artes visuais. Utiliza do pop para traduzir o diálogo entre cultura de massa, popular, erudita e experimental. Em 2017 ganhou o XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema como melhor longa na Competitiva Baiana com Elogio à Utopia.

Desde 2018 dirigiu cerca de 20 videoclipes de trap, contribuindo para o desenvolvimento da linguagem visual da cena na cidade. No mesmo ano, lançou o EP Trapcália, em 2019 a mixtape V1D4L0K4T4MB3M4M4 e, em 2020, a coletânea Rap é compromisso. Trap, não. Atualmente trabalha a mixtape Tutorial de Como Ser Amado, lançada em 2021.