Revista Sobrado
Foto: Ana Szwa/Divulgação

Thales Cavalcanti lança o álbum ‘Verde Maduro’

Um mix de tambor com beat. Assim podemos definir ‘Verde Maduro’, o álbum de estreia de Thales Cavalcanti. Revelado como ator, como protagonista no premiado longa ‘Casa Grande’ (2014), Thales acaba de disponibilizar seu projeto autoral nas plataformas de streaming.

Durante o período de isolamento da pandemia, Thales Cavalcanti mergulhou no estúdio montado em casa, para gravar e compor novos temas. Sem compromisso, dividiu a primeira música, ‘Caboclo no Terreiro’, com alguns amigos. O músico e produtor Bruno di Lullo ficou tão entusiasmado com o que ouviu, que logo se candidatou a produzir um álbum.

Thales falou de seu desejo de experimentar a mistura de tambor com beat, e Bruno sugeriu convidar o baterista e percussionista Thomas Harres, que toca com Bala Desejo, Letrux e Jards Macalé, entre outros artistas. No dia seguinte, Bruno enviou ideias de bases para a música. “Quando ouvi e vi que funcionou, escrevi no mesmo dia quatro músicas e percebi que estava fazendo um disco”, comenta Thales. “O tambor é o elemento mais importante para minha música. Tanto o tambor presente no samba, na MPB, quanto o tambor da Umbanda”, pontua.

Canções
As 11 canções de ‘Verde Maduro’ nasceram dessa mistura de tambor com beat. ‘Recolhimento’, que abre o disco, apresenta e situa temporalmente o momento em que ele foi concebido: o início da pandemia. “Depois de passar o carnaval em Olinda, decidi que voltaria a Pernambuco para o São João. Era a minha futura viagem dos sonhos, que ainda vou realizar”, revela. “Fui tomado por uma série de acontecimentos, e no meio disso tudo, perdi o meu pai. Foi inevitável me recolher, ficar quieto no meu canto”, completa.

‘Caboclo no Terreiro’, faixa que deu origem ao disco, tem a participação de Davi Moraes na guitarra, assim como ‘Oni Saurê’, que saúda Oxalá, Orixá de Thales Cavalcanti. “É a canção que mais se aproxima daquilo que a Umbanda traz do Candomblé e de outras religiões de matriz africana. Por isso, ela foi se encaminhando para ser um afoxé”, define.

‘Tainá Cigana’, primeiro single do álbum, fala da aproximação de Thales com a Umbanda pelas mãos da amiga Tainá, e conta com os vocais de Dora Morelenbaum, Júlia Mestre e da própria Tainá.

‘Morena de Oyá’, um samba de roda animado, transformou-se em uma das favoritas do compositor carioca. “Senti a necessidade de que o disco tivesse uma música romântica, mas com uma letra que contemplasse o universo do disco”, define. Já ‘O Barco e O Marinheiro’, parceria de Thales com Leo Rosa, possui ares de Dorival Caymmi e fala de renovação, do eterno caminhar da vida rumo ao desconhecido.

Sétima canção do álbum, ‘Carta para Baixinha’ foi escrita para a mãe de santo do terreiro que Thales Cavalcanti frequenta. “Não tive a oportunidade de conhecê-la, mas lendo a sua biografia, descobri que as giras começaram no Horto, bairro aqui do Rio de janeiro. Antes de começar a frequentar a Umbanda, eu tomava banho de cachoeira ali perto, quase todos os dias. Essa coincidência me inspirou a escrever uma carta, revelando o encontro do meu caminho com o dela”, diz.

Já ‘Um Homem’ é endereçada à mãe do compositor. “É um toque, um conselho que eu gosto de dar a ela. Parece que ela tem concordado comigo”, finaliza. Completam o repertório as faixas ‘Nana’, ‘Sou’ e ‘Ponto para Oxalá’.

Além de Cavalcanti (voz, violão, guitarra e bateria eletrônica), Thomas Harres (percussão) e Bruno di Lullo (guitarra, baixo e synth), o álbum conta com a participação de artistas e amigos da geração de Thales, como Dora Morelenbaum, Julia Mestre e João Gil, e músicos requisitados como Davi Moraes, Diogo Gomes, Marlon Sette, Carlos Trilha e Jorge Continentino, entre outros.