Revista Sobrado
Foto: Diego Ferreira / Divulgação

Jaka Souza e a música como acalento da alma

Canções suaves, embaladas pelas águas do rio Maratauíra, e letras que abraçam, acalentam e impulsionam a alma dão vida ao EP Pra se ouvir, do artista paraense Jaka Souza, 31. Formado por quatro faixas, o disco está disponível nas plataformas digitais.

“O EP surgiu a partir de um questionamento sobre o que queria para a minha vida. Sou artista desde sempre e não podia fugir disso. Queria gravar minhas canções. Coloquei isso como meta. A ideia inicial era lançar uma música, mas acabamos gravando quatro canções, o que deu origem ao EP”, disse Jaka Souza, em conversa com a Sobrado.

Criado pelos avós Maria e Domingos de Souza, foi no bairro de São Lourenço, na cidade de Abaetetuba (a 126 km de Belém), que Jaka foi atraído pela sonoridade do violão. “É um bairro que tem muitos violeiros. Cresci olhando essa galera. Ficava fascinado com as rodas de violão. Daí foi surgindo essa relação com a música, de forma leve, em tom de brincadeira. Eu não tinha violão, pegava emprestado dos amigos. Mas fui fisgado, gostei, passei a levar a sério”, conta Jaka.

Mas o amadurecimento com a música se deu com os meninos da Praça de Conceição. “Eu andava de bicicleta, fazia manobras na praça. Lá tinha uns meninos que tocavam violão. Comecei a conversar com eles, fui fazendo parte do grupo. Eles já tinham experiência. Eu amadureci com eles”, destaca.

A primeira canção
Jaka Souza escreve poemas desde os 14 anos. Sua relação com as palavras o levou a cursar Letras, com habilitação em Língua Portuguesa, na Universidade do Estado do Pará (UEPA). Mas foi somente aos 27 anos que compôs sua primeira canção, que recebeu o nome da praça onde fazia manobras na bicicleta bmx e local onde consolidou sua relação com a música.

“Escrevia muitos poemas, mas Conceição foi o primeiro com métrica de música. Letra e melodia nasceram juntas”, explica.

Conceição marcou a entrada de Jaka Souza nas plataformas digitais. A canção, que foi disponibilizada ao público em fevereiro deste ano, fala sobre um amor de carnaval. “Fiquei muito feliz. Para que isso acontecesse contei com o apoio de grandes amigos como Jairo Vilhena; Diego Ferreira, que cuidou da produção e fez o violão, guitarra e bateria; e Mestre Sika, que fez o contrabaixo”, ressalta.

O EP
O EP é constituído por quatro canções autorais que propositalmente formam uma frase: “O primeiro passo; Faça por você; Conceição; Pra se ouvir” e resume a proposta do trabalho: a autoaceitação, buscar no interior de si respostas para os próprios medos e angústias, a fim de encontrar-se, e conseguir dar “o primeiro passo em direção àquilo que precisa”.

“As minhas músicas funcionam como um suporte pra mim, elas conseguem me motivar, me dar forças pra buscar meu propósito – ser uma pessoa melhor todos os dias – o que eu escrevo não resume o que eu sou, mas o que eu preciso ouvir nesse processo contínuo de me autoconhecer”, pontua Jaka Souza.

Primeiro passo fala sobre autorresponsabilidade e a caminhada da construção de um novo “eu”. Faça por você fala sobre amor e vibração. “É uma canção bem íntima, com coisas que mexem comigo. Ela não define o que eu sou, mas pontua coisas que quero ter: amor por mim mesmo, ser uma pessoa melhor, ter amor pelos outros”, comenta.

Já a canção Conceição fala sobre “redescobrir o amor, sobre a magia que é quando se acende essa fagulha de paixão no coração, no corpo, na alma”. Tudo isso a partir de um flerte, uma espécie de amor à primeira vista, no meio de um bloco de carnaval, tendo as ruas e as praças de Abaetetuba como cenário. A melodia traz uma mistura de bossa nova e carnaval, uma inspiração na sonoridade da banda carioca Los Hermanos.

Pra se ouvir, faixa título do EP, fala sobre ouvir o coração. “É sobre saber o seu propósito, superar as pressões do dia a dia, buscar o autoconhecimento, ouvir a voz interior”, fala Jaka Souza.

O EP foi produzido, gravado e mixado pelo Studio DIL na cidade de Abaetetuba, com participação de Mestre Sika no baixo, Edgar Ferreira nos teclados e Diego Ferreira na guitarra, vozes, violão e arranjos.

A capa foi produzida pelo próprio artista. “Capturei momentos diferentes de um pescador sentado no barco, e achei interessante como as fotos exemplificam essa busca do equilíbrio interno e com o meio. Para ser parte do todo, e pra entrar em harmonia com o que nos cerca precisamos entender que tudo é movimento, tudo oscila, e acalmando a maré do coração a gente acaba encontrando, no mais íntimo, empatia pelo próximo”, concluiu.