Roberto AguiarA Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) acontece até domingo 21, com uma programação híbrida (presencial e on-line) atravessada por dois temas centrais: o Sertão, do escritor alagoano Graciliano Ramos, o homenageado pelo evento; e a literatura da diáspora africana nas Américas.
Quem não acompanhou as atividades do evento, pode ficar tranquilo, pois tudo o que aconteceu de bom está disponível no YouTube, plataforma por onde está sendo transmitido as atividades da Flipelô. A programação completa está disponível no site www.flipelo.com.br.
Ao som dos tambores
Na quarta-feira, 17, no inicio da noite, quando a lua já reinava no céu e iluminava o Centro Histórico de Salvador, o Largo do Pelourinho era ocupado 109 tambores de cinco grupos percussivos que anunciavam o inicio da festa literária. O número de tambores foi em referência aos 109 anos do escritor baiano Jorge Amado, patrono da Flipelô. O evento é realizado há 5 anos pela Fundação Casa de Jorge Amado, com a correalização do Serviço Social do Comércio (SESC).
“O objetivo da Flipelô é colocar a literatura como protagonista no Centro Histórico de Salvador. Algo que estamos fazendo desde 2017, com o apoio de várias instituições e, acima de tudo, com a comunidade do Centro Histórico, que abraçou o evento desde a sua primeira edição”, pontua em conversa com a Sobrado a diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, Ângela Fraga.
Já José Carlos Boulhosa, presidente do SESC Bahia, ressalta que “a Flipelô é uma junção de ideias que há cinco anos vem dando certo. A Bahia, Salvador e, principalmente, nosso sítio histórico Pelourinho precisava de um evento deste porte para se afirmar como berço da civilização brasileira”.
O Sertão de Graciliano
O mundo do escritor Graciliano Ramos e sua amizade com Jorge Amado marcou a abertura da Flipelô 2021 com a exibição do documentário “Graciliano Ramos e Jorge Amado: uma história de amizade e admiração”, mediado por uma conversa entre a professora e pesquisadora Elizabeth Ramos, neta do escritor homenageado Graciliano Ramos, com o ator, diretor e professor baiano Harildo Deda sobre caminhos de encontro, através da literatura, da vida, dos afetos, entre o Velho Graça e o sempre presente Jorge Amado.
E o Sertão tomou conta da programação na quinta-feira, dia 18, no palco do teatro com os espetáculos cênicos Vidas Secas e Graciliano um brasileiro alagoano – Memórias de Heloisa. Foi tema debate sobre cinema na mesa Sertão revisitado: Bacurau além das telas e páginas, com Kleber Mendonça Filho (PE), diretor do filme Bacurau (2019) e sobre literatura no espaço Com a palavra o escritor – Graciliano Ramos: duas falas, com Jorge de Souza Araújo (BA) e Cosme Rogério (AL).
O tema sobre o cenário da principal obra de Graciliano volta ao centro do debate hoje, às 18h, no espaço Terreiro de Poesia (AVOZEDITA) com a roda de conversa As Vinte palavras das Vidas secas, com Cosme Rogério (AL), Mirian Monte (AL) e Paulo Poeta (AL). Atividade presencial no Café Teatro Zélia Gattai e com transmissão pelo canal da Flipelô no YouTube.
No domingo, 21, Paloma Jorge Amado (BA) realiza um bate-papo às 11h, no Café Teatro Zélia Gattai – Fundação Casa de Jorge Amado, com o tema O menino Graciliano. A atividade também terá transmissão pelo canal da FLIPELÔ no YouTube. Às 18h, a Orquestra Sinfônica da Bahia encerra a Flipelô 2021 com o Incelença do amor retirante, na Praça Pastores da Noite.
Diáspora Africana
Cruzando com o Sertão de Graciliano, a literatura afro-brasileira transita livremente pela Flipelô em mesas de debate, rodas de conversas, saraus, peças teatrais e shows musicais.
Logo na abertura, no dia 17, tivemos o show do cantor baiano Jau, com suas canções de amor e axé. “Estou muito feliz por fazer esse show de abertura da Flipelô. O Pelourinho está precisando dessa mola para catapultar para o ambiente que este lugar pertence, que é a de um braço gigante que abraça o planeta Terra inteiro. É uma onda de retomada e como filho do Olodum me sinto lisonjeado e feliz em ser parte disso. O Pelourinho estava precisando desse vento”, ressalta Jau em conversa com a Sobrado.
No sábado, dia 20, teremos Margareth Menezes no palco da Praça Pastores, a partir das 20h30, com um show especial dedicado ao Dia da Consciência Negra. Será um momento de reencontro com o público, já que este é o primeiro show de Margareth com a presença do público que faço em Salvador, nesse processo de retomada.
Quem estará também presente na Flipelô é o baiano Itamar Vieira Júnior, escritor do premiado livro Torto Arado, no espaço Com a palavra o escritor – A atualidade do Brasil colônia. A atividade será às 16h e no Teatro SESC-SENAC Pelourinho e contará com a presença do também baiano José Inácio Vieira de Melo (BA). Você pode acompanhar pelo canal da Flipelô no YouTube.
No Dia da Consciência Negra a programação é especial, destaca-se a mesa Vozes de África – Caminhos da literatura da África lusófona, com Lopito Feijó (Angola) e Hirondina Joshua (Moçambique), às 13h, no YouTube da Flipelô.
Às 16h, acontece a mesa Ainda é preciso aquilombar-se, com Jovina Souza (BA) e Lilian Rocha (RS), presencial no Teatro SESC-SENAC e com transmissão pelo YouTube. Às 17h30, espetáculo cênico “Sarau Vozes Negras”, apenas pelo YouTube.
No Café Teatro Zélia Gattai – Fundação Casa de Jorge Amado, o Terreiro de Poesia (AVOZEDITA) será ocupado pelos versos e rimas das baianas de Dejanira Rainha, Nega Fya e Lande Onawale no sarau Consciência Negra, Quilombo Vivo!. Terá transmissão também pelo YouTube da Flipelô.
Curta a Flipelô
Aproveite a programação da Flipelô. Seja presencialmente, com todos os cuidados sanitários necessários, devido a Covid-19, seja de casa. O importante é consumir cultura.
Toda a programação está no site e tudo que foi transmitido de forma on-line ficará salvo no YouTube, para você degustar a hora que quiser.
