Revista Sobrado
Foto: Tamires Almeida / Divulgação

O novo caminho para os versos no Festival Pandemia Poética

A pandemia exigiu mudanças e criatividade também no campo da poesia. Fazendo uso das plataformas, o Slam de Poesia movimentou a internet no início da quarentena. O sucesso foi tão grande que sua 2ª edição ganhará título de festival. Agora, além de batalha de poesia com prêmio em dinheiro, o projeto terá oficinas, seminário e lives com apresentações poéticas: esse é o Festival Pandemia Poética. Entre 15 de fevereiro e 4 de abril, público e poetas podem reservar o coração para o poder dos versos.

As inscrições para as poetas que pretendem competir pelos prêmios de R$500, R$300 e R$200 tem inicio no próximo dia 22 e encerra-se no dia 5 de março. Oficialmente, o festival começa no dia 15 de março, com o seminário de abertura Empreendedorismo Literário e a Literatura de Mulheres Negras e Periféricas na Bahia. O bate papo será online e aberto ao público, com a participação da idealizadora do Diálogo Insubmissos de Mulheres Negras, Dayse Sacramento, e Tereza Sá, educadora e pesquisadora do tema no Sul da Bahia. Toda programação será online e aberta, com exceção das oficinas formativas, que apesar de gratuitas tem limite de inscrições.

Em conversa com a Sobrado, a idealizadora e produtora executiva do projeto, Karen Oliveira, fala sobre a realização do festival: “Estou muito feliz em poder ampliar a programação e elevar a qualidade do evento, mas sem sombra de dúvidas um dos aspectos mais positivos deste novo momento é a possibilidade de rentabilizar de forma justa tantos agentes que muitas vezes se sacrificaram para fazer a poesia se propagar com a importância social e cultural que ela tem”, diz.

Foto: Camila Aguiar / Divulgação

A poeta Lara Nunes, que reside em Camaçari e foi uma das finalista da primeira edição, destaca a importância do evento: “Frente à pandemia do novo coronavírus, o Pandemia Poética foi um grande oportunidade, já que os slams não estavam acontecendo. Outro ponto importante que era um evento que estava sendo construído aqui na Bahia, voltado às mulheres e ao público LGBT, valendo premiação. Isso toca muito, porque toda a categoria artística ficou muito enfraquecida financeiramente. Não podíamos ir às ruas levar nossa arte. Era isso que fazia a nossa economia girar. Ter essa oportunidade com o Pandemia Poética foi muito gratificante e enriquecedor”, pontua.

Karen Oliveira informa que a transformação do evento em festival exige um maior número de pessoas envolvidas na produção, que o permitirá contribuir financeiramente com mais artistas. “Estamos empregando diretamente 22 pessoas, além de outras prestações de serviço, promovendo formação, entretenimento, bem estar e geração de renda, e dizendo para o mundo que a poesia falada é arte, movimenta uma economia e precisa ser valorizada!”, ressalta.

A competição
Slam é uma batalha de poesia na qual os competidores recitam seus versos em até três minutos e sem suporte de outras ferramentas que não sejam sua voz e expressão corporal. Serão 12 poetas classificadas para a disputa, resultando em três finalistas premiadas com valores entre R$200 e R$500 reais.

A curadoria será feita pelas artistas e poetas Amanda Rosa, Sued Hosaná e Fabiana Lima, co-idealizadora do Slam das Minas Bahia. O júri técnico fica por conta das slammers finalistas da última edição, Lara Nunes e Carine Narciso e o público, que terá poder de voto também.

A poeta Carine Narciso comenta sobre suas expectativas de atuar como júri técnico: “A expectativa está altíssima. Há dois meses, era eu ali enviando a minha poesia, aparecendo na tela, recitando minha poesia para que fosse julgada e para que as pessoas pudessem senti-la junto comigo. Agora sou eu que vou avaliar essas poesias. Está sendo muito gratificante”, destaca a finalista da última edição.

Foto: Tamires Almeida / Divulgação

Lara Nunes, que chegou à final da última edição com Carine, também fala sobre a responsabilidade em ser parte do júri técnico: “Vamos descobrir novos talentos, assistir muita gente que já está na cena fazendo seu corre, mas que por acaso a gente não tem contato, porque são de diferentes cidades da Bahia. Vamos ter acesso à poesia dessas pessoas e ajuluddar a chegar mais longe. Estou muito honrada com essa responsabilidade. Vai chegar muita gente boa para participar e precisamos ter uma firmeza pra avaliar. Vai ser uma experiência legal e estou bem animada para participar”, avalia a poeta. 

As inscrições para o Festival Pandemia Poética serão realizadas através de formulário disponível na bio do Instagram do projeto, do dia 22 de fevereiro a 5 de março. A competição será exclusiva para poetas mulheres e LGBTQIA+ de toda Bahia. As mesmas devem preencher a ficha e enviar quatro vídeos recitando sem cortes, indicando qual vídeo deve ser utilizado em cada fase da competição, conforme regulamento. A curadoria acontecerá entre os dias 9 e 16 de março.

Oficinas
Poetas de todo Brasil poderão se inscrever gratuitamente nas Oficinas de Empreendedorismo Literário com Hundira Cunha, Literatura Cartonera com Kaliana Oliveira da Hora e Vivências Poéticas e Corpóreas com Rool Cerqueira, que acontecem respectivamente de 16 a 18 de março. Dentre as vagas, uma quantidade será direcionada a mulheres e pessoas LGBTs, especialmente baianas. A inscrição acontecerá pelo Sympla, entre 8 e 12 de Março. O link para as inscrições será divulgado no Instagram do festival.

Programação
A programação começa com o seminário, no dia 15 de março, e seguirá com lives shows de performances poéticas no YouTube e lives de microfone aberto para o público participar e recitar, no Instagram, onde também a mestre de cerimônias Ludmila Singa convida uma das juradas para apresentar as selecionadas de cada fase.

Veja a programação completa:

15 de Março | Seminário de abertura Empreendedorismo Literário e a Literatura de Mulheres Negras e Periféricas na Bahia, com Deyse Sacramento e Tereza Sá, Educadora e Pesquisadora no Sul da Bahia. Transmissão pelo Canal Selo Nsabas no YouTube;
16 de Março | Oficina Empreendedorismo Literário, com Hundira Cunha. Transmissão pelo Sympla;
17 de Março | Oficina Literatura Cartonera, com Kaliana Oliveira da Hora. Transmissão pelo Sympla;
18 de Março | Oficina Vivências Poéticas e Corpóreas, com Rool Cerqueira. Transmissão pelo Sympla;
21 de Março | Live show das finalistas da 1ª edição, com Bruna MC, Lara Nunes, Rool Cerqueira e Carine Narciso, e resultado das classificadas. Transmissão pelo Canal Selo Nsabas no YouTube;
23 e 24 de Março | 1ª fase da competição. Transmissão pelo Canal Selo Nsabas no YouTube;
25 de Março | Resultado das classificadas 1ª fase com Sued Hosaná. Transmissão pelo Instagram do festival;
27 e 28 de Março | 2ª fase da competição. Transmissão pelo Canal Selo Nsabas no YouTube;
29 de Março | Resultado das classificadas 2ª fase com Amanda Rosa. Transmissão pelo Instagram do festival;
31 de Março e 1 de Abril | Final da competição. Transmissão pelo Canal Selo Nsabas no YouTube;
4 de Abril | Live Show das finalistas e resultado ao vivo com Fabiana Lima. Transmissão pelo Canal Selo Nsabas no YouTube.

O Festival Pandemia Poética é uma realização do Selo Nsabas e teve sua primeira edição em 2020, apenas como Slam (batalha de poesia), gerando renda para 12 agentes culturais, entre competidores e produtoras. Na 2ª edição, o projeto tem suporte da Giro Planejamento Cultural e apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.