Revista Sobrado
Vermelho Melodrama | Foto: Patricia Almeida / Divulgação

Prêmio Braskem de Teatro pelos olhos dos vencedores

A noite do último domingo (18) foi, digamos que, especial para a cena teatral soteropolitana. Aconteceu a cerimônia de entrega do 27º Prêmio Braskem de Teatro ao vivo pela TVE e pelo canal do prêmio no YouTube. Há 27 anos o prêmio faz esse reboliço na cena teatral baiana, aliás, todo e qualquer prêmio provoca esses “remelexos”. Tem gente que gosta do resultado, tem gente que não gosta.

Acompanho o Braskem desde a 23ª edição e me lembro bem que, de lá pra cá, todos os anos tenho ouvido frustrações por parte de uns e alegrias por parte de outros. Decepções e festejos de minha parte também nesses poucos anos que acompanho. Prêmios não validam o trabalho, reconhecem, mas não significa que o trabalho “A” é melhor do que o “B” por ter ganhado um prêmio.

Veja o exemplo do Dimenti, grupo que há 22 anos não tinha levado sequer uma indicação ao Braskem, mesmo com trabalhos viajando por todo o Brasil e internacionalmente, com um alcance grandioso e com obras apresentadas sem justificativa de não serem ao menos indicadas. Na noite do dia 18 de outubro de 2020, o espetáculo produzido pelo grupo levou duas estatuetas: categoria espetáculo adulto e categoria especial pelo figurino, ambos para o espetáculo Vermelho Melodrama.

Mas não foi só estreia para o grupo Dimenti. Em sete das oito categorias, as vencedoras e vencedores foram estreantes, exceto Thiago Romero, que na 24ª edição do Prêmio venceu o prêmio de espetáculo adulto por Rebola, dirigido por ele. Romero nunca havia ganhado na categoria diretor, como nesse ano. Com tanta estreia, a Sobrado convidou todas as vencedoras e todos os vencedores da 27ª do Prêmio Braskem de Teatro para conhecer mais sobre elas e eles. Vamos partilhar um pouco da biografia dos seis que responderam as nossas perguntas.

Helisleide Bomfim
Militante da luta antimanicomial, ativista dos direitos humanos, Helisleide é atriz há 10 anos pelo grupo Os Insênicos e vencedora do 27º Prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação pela atuação no espetáculo Holocausto Brasileiro – Prontuário da Razão Degenerada.  Membro do RENFA (Rede Feminista Antiproibicionista), faz parte do CDF (Comunidade de Fala), Coordenadora do Papo de Mulher e membro e apoiadora do AMEA (Associação Metamorfose Ambulante), é técnica em enfermagem há 25 anos e “é usuária de saúde mental”, como ela nos conta.

Foto: Arquivo pessoal

Helisleide está na luta antimanicomial desde o ano de 2009, quando saiu da sétima e última internação. Receber o Prêmio Braskem de Teatro não é apenas comemorar uma vitória, é um resultado de anos de resistência. “Ganhar esse Prêmio é muito importante para mim. Quebrei as paredes dos manicômios e mostrei que o melhor lugar para cuidar de doido é em liberdade”, relata.

O espetáculo Holocausto Brasileiro foi um dos meus prediletos em 2019, não sei se pelo fato de eu já ter uma relação com o livro base para a pesquisa do texto, que foi lançado no ano de 2013 pela jornalista Daniela Arbex, Holocausto Brasileiro. Genocídio. 60 Mil Mortos no Maior Hospício do Brasil, e que mostra a tortura desnecessária, as corrupções envolvendo políticos e médicos e traz relatos de usuários de saúde mental que foram internados. No livro, ainda podemos ler relatos de funcionários e familiares dos internados, todos do hospício de Barbacena em Minas Gerais. Quando o espetáculo estava em cartaz em Salvador, fiz uma matéria para o canal Cultureiros.

São muitas personagens que Helisleide interpreta no espetáculo, mas ela conta que “logo no início da peça eu estou contando a história de Barbacena. É Leidinha falando ali, as pessoas que estão no manicômio são negras, é um local de tortura e segregação, não é um lugar de cuidado como pensam”. E conclui: “a última cena que eu faço na rua, quando a mãe pede socorro pra médica Cassandra, eu fazia aquilo de tomar banho de roupa e tudo no manicômio. É uma cena muito forte e necessária, pois agora eu sou livre e transformei tudo em arte”. Atualmente, a atriz já está desenvolvendo um novo trabalho teatral com um diretor baiano.

Vermelho Melodrama
Espetáculo produzido pela Dimenti e vencedor em duas categorias: Espetáculo Adulto e Categoria Especial, para Luiz Santana pelo Figurino, Adereços e Máscaras. É um melodrama sobre uma carta que não foi entregue. A história de três órfãos que foram criados como irmãos e cujas vidas foram atravessadas por amores inconfessos, segredos do passado e grandes reviravoltas.

Um espetáculo bem completo e harmonizado tecnicamente. Além de chamar a atenção visualmente, onde o cenário, figurino, adereços e iluminação são muito precisos. O gênero melodramático é o condutor do espetáculo e as emoções tomam conta da cena. A plateia sorri e chora junto com o elenco.

A dramaturgia do autor Gildon Oliveira é articulada com escritoras e escritores diversos, como Angela Davis, Linn da Quebrada, Dilma Rousseff, Clarice Lispector e Georges Didi-Huberman. Na encenação, algumas questões são provocadas, como “Você acredita no destino?”, “Como ativar emoções revolucionárias?”, “Quem tem direito a melodrama por amor?”, “Até quando vai o melodrama da vida política no Brasil?”.

Jorge Alencar, o artista de teatro, da dança e do audiovisual, neste espetáculo está como diretor e responsável pela adaptação do texto. “O título original era Vermelho Rubro Amoroso… profundo, insistente e definitivo’, de um grande parceiro das montagens que é Gildon Oliveira, um estudioso da dramaturgia. Eu digo sempre que ele é da carpintaria do roteiro dramaturgo”, brinca. Gildon e Jorge receberam indicação na categoria Texto.

Das oito categorias, Vermelho Melodrama recebeu seis indicações. Com o histórico, o diretor disse não ter criado muita expectativa. “A gente nunca tinha ganhado o Prêmio Braskem e isso já foi uma questão na carreira. Hoje mais não, com o histórico de não ganhar nem indicação, a gente não esperava. Foi uma surpresa e na hora do anúncio nós ficamos muito felizes”, lembra.

“Temos uma equipe majoritariamente formada por mulheres e a equipe de produção participa ativamente do processo de criação. Por exemplo, a presença de Hellen Mello, nossa diretora de produção, em um dos ensaios fez com que a peça fosse recriada”, explica o diretor. “O gênero melodrama pode facilmente gerar o riso e a gente não queria se afastar disso, a estrutura da peça foi montada para deixar fluir o cômico, mas essa emoção genuína não poderia se distanciar, tanto é que eu me emociono até hoje”, acrescenta.

Ele conta que o Braskem está há 27 anos celebrando o teatro, e isso é algo importante. “Mas não montamos o espetáculo pensando no prêmio. Quando fui sentindo o retorno das pessoas, eu fui notando que o espetáculo estava tocando o público”, confessa. “Provavelmente o espetáculo voltará a cartaz, pois, geralmente os vencedores dessa categoria retornam aos palcos”, revela.

Luiz Santana, responsável pelo figurino, adereços e máscaras é a nossa Rainha Loulou, drag queen há 19 anos, mesma idade que assina figurino de teatro. Há exatos cinco anos começou a assinar como Rainha Loulou os trabalhos de figurino teatral. Em Vermelho Melodrama não se atentaram e colocaram o nome do registro, mas Loulou disse não se importar. “Claro que Rainha Loulou é um carro chefe nas coisas que faço, as pessoas conhecem, mas Luiz também trabalha bastante com figurino, eu não ligo, não. Pra mim é muito tranquilo usar o Luiz”, conta. Na cerimônia quem foi receber o Prêmio foi a drag.

Sobre o Prêmio Loulou disse “é um Prêmio muito importante para o Teatro não só na Bahia, mas é tradicional no Brasil, não é promovido por uma fundação cultural, ou algum teatro, é promovido por uma empresa externa da cena teatral. Claro que não está aqui para medir o valor dos artistas, mas celebra e reconhece o trabalho”, pontua e completa “eu sempre brinco que vamos levar indicação, todos os meus trabalhos eu faço com 100% de dedicação”.

Para a Sobrado, Loulou nos contou um pouco sobre a inspiração. “Comecei com o texto e notei algumas marcas fortes. Os quatro personagens me inspiraram. Tem um personagem que é fã de Bette Davis, então acompanhei a obra dos anos de 1940/1950. Jorge me dá liberdade no trabalho”, explica. Antes de encerrar a entrevista, contou uma curiosidade: “Lia Lordelo, uma das atrizes do elenco, descobriu que estava grávida no processo de Vermelho Melodrama e não me contou. Toda vez que eu ia verificar as medidas, notava uma diferença e brincava com ela. Terminou que eu fiz uma cintura justa para ela, não sabia do bebê”, lembra.

Ficha Técnica de <em>Vermelho Melodrama</em>

Obra original: Gildon Oliveira (Título original: “Vermelho rubro amoroso… profundo, insistente e definitivo!”)
Direção e Adaptação: Jorge Alencar
Criação e elenco: Eduardo Gomes, Fábio Osório Monteiro, Lia Lordelo, Neto Machado e Véu Pessoa
Canções: Leo Fressato
Direção Musical e Trilha Sonora Original: Luciano Salvador Bahia
Direção de arte e identidade visual: Tanto – criações compartilhadas (Daniel Sabóia, Fábio Steque e Patrícia Almeida)
Figurino, adereços e máscaras: Luiz Santana
Assistência de Direção: Larissa Lacerda e Marina Martinelli
Luz: Larissa Lacerda
Colaboração artística: Ellen Mello e Jacyan Castilho
Supervisão vocal: Manuela Rodrigues
Operação de som e assistência de luz: Felipe Viguini
Operação de luz: Larissa Lacerda e Mariana Passos
Técnico de som: Igor Pimenta
Oficina de Melodrama: Paulo Merísio
Direção de Produção: Ellen Mello
Equipe de Produção: Marina Martinelli, Natália Valério, Priscila Santos, Marília Pereira e Fábio Osório Monteiro
Financeiro: Marília Pereira e Priscila Santos
Comunicação: Marcatexto

Ricardo Fagundes
Professor, produtor cultural, diretor, dançarino e ator, Ricardo Fagundes é um multiartista. Um dos primeiros atores que vi em cena em Salvador. Ele recebeu o 27º Prêmio Braskem de Teatro na Categoria de Ator pela atuação no espetáculo Das ‘coisa’ dessa Vida…, um monólogo da personagem Nalde, que reflete padrões sociais.

O espetáculo tem direção de João Miguel, texto de Gildon Oliveira e canção-tema do personagem composta por Rebeca Matta e Luisão Pereira. Aborda construções de gênero e imposições da sociedade. Nalde compartilha com o público suas histórias enquanto se arruma para uma performance artística. Vinda do interior, a personagem tem muitos sonhos. Durante a peça, recorda que desde criança sente prazer em se fantasiar e passar horas se apresentando para plateias imaginárias.

Foto: Diego DiSouza / Divulgação

“Diante da situação que estamos vivendo, da circunstância da pandemia mundial que provocou o isolamento social, nós artistas fomos os primeiros a parar e não sabemos quando e nem como voltar. Eu posso falar do meu ofício, claro que sei que outras áreas têm enfrentado dificuldades até piores. Diante disso tudo ter uma celebração dessa, é só felicidade. Não é um prêmio que vai validar o ofício de ninguém”, reflete Ricardo Fagundes.

“A concepção de Das ‘coisa’ levou um ano e meio, apresentei em bar de beira de estrada e em grandes teatros. Não é um espetáculo que é circunstanciado para palco italiano tradicional. Atualmente tínhamos temporadas fechadas em Salvador e em outras cidades, inclusive comemorando um ano de espetáculo em cartaz”, relata o artista, acrescentando que “’Das coisa’ é um espetáculo em construção e esse é só o começo”.

Thiago Romero
Thiago Romero é outro multiartista. Carioca radicado em Salvador, estudou teatro na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Com 20 anos de carreira, recebeu o 27º Prêmio Braskem de Teatro na categoria direção pelo espetáculo Última Chamada, uma produção de A Outa Cia de Teatro. Em 2004, estreou como diretor ao fundar o grupo soteropolitano Teatro da Queda. Thiago é um grande pesquisador artístico e não usa de uma única estética em suas obras, mas a impressão de sua assinatura é notória.

O espetáculo em que ele foi premiado pela direção marcou o encerramento das atividades do grupo A Outra Cia de Teatro. É possível assistir Última Chamada completo no YouTube.

O espetáculo se inicia numa sala de embarque que nos leva a  um  voo  panorâmico das hierarquias sociais, da violência que fere princípios de fraternidade, afetividade e justiça. Ao mesmo tempo que é um porão de cargas onde malas são histórias, pessoas, pedaços de um espaço/tempo em trânsito, o próprio presente é consequência de um passado e causa de um futuro. Uma metáfora da caixa preta em que se consta todas as informações e segredos.

Essa era a quarta indicação de Romero nessa categoria, da qual nunca havia vencido. “É um reconhecimento de um trabalho. Tivemos uma dificuldade muito grande pra montar Última Chamada. Prêmio é consequência da obra, tem uma importância muito grande não só pelos 27 anos, mas pelo contexto do espetáculo em si. Última Chamada é uma metáfora com o voo, é sobre como a gente está impactado com a modernidade. Ele chama atenção para o outro que está do seu lado, o fim do grupo é um mote. Apesar de falar sobre fim, não é um espetáculo pessimista, essa foi nossa proposta desde a concepção”, conta.

“Sou um contador de histórias provocado pelo mundo. Me interessa ser um diretor que compartilha o processo, que é um grande provocador. Escolho uma linha temática de trabalho que puxa pra raça, gênero, sexualidade, criando uma metodologia. Meu percurso de linguagem é impregnado”, finaliza.

Sarauzinho da Calu
Vencedor categoria espetáculo infantojuvenil, Sarauzinho da Calu é inspirado no premiado livro Calu, uma menina cheia de histórias (Editora Malê), das autoras Cássia Vale e Luciana Palmeira, e prefácio de Lázaro Ramos. Cássia Valle, atriz, historiadora, escritora e dramaturga, é quem assina a direção do espetáculo, que utiliza poesia, música e literatura infantil para falar de representatividade, tradição, memória e identidade.

O espetáculo tem o protagonismo de Calu, interpretada pela estudante, atriz e bailarina Ayana Dantas, uma criança que apresenta um talento genuíno. A peça também está disponível no YouTube.

A narrativa de uma menina negra é abordada a partir das histórias que ela escreve em seu bloquinho, criando um universo alternativo carregado de símbolos da cultura afro-brasileira, afirmando a importância de falar dos sonhos das crianças negras. De forma lúdica, criativa e transformadora, a montagem retrata a transmissão de conhecimento através da oralidade, como contação de histórias, poemas e canções infantis compostas especialmente para a obra.

Em conversa com a Sobrado, Cássia Valle afirma que gosta de trabalhar em coletividade. “O Sarauzinho tem uma equipe 100% negra e com amigos que deram esse resultado positivo. É maravilhoso receber um prêmio como encenação, nós estamos muito felizes”, conta. Com 30 anos de carreira, Cássia Valle acrescenta que “costumo não criar expectativas, ainda mais que tínhamos um elenco jovem. Sabia que tínhamos um bom produto, o retorno do público era muito positivo, mas não imaginávamos. Foi uma surpresa o Prêmio Braskem”.

O Sarauzinho da Calu não para e a diretora nos contou uma novidade: “Próximo mês vamos fazer uma nova temporada do Sarauzinho, dessa vez, on-line pelo Sympla/Zoom, nos dias 14 e 21 de novembro. Nós estaremos na edição do próximo mês do Dominguinho do SESC”.

O Dominguinho do SESC é um projeto do SESC que propicia a vivência de experiências culturais infantis, através da oferta de espetáculos acessíveis a todos os públicos, com preços populares e está de forma remota durante o isolamento social.

Ficha técnica de <em>Sarauzinho da Calu</em>

Direção e dramaturgia: Cássia Valle
Codireção: Leno Sacramento
Direção Musical: Cell Dantas
Roteiro: Cássia Valle / Leno Sacramento
Cenário ( concepção): Cássia Valle/ Leno Sacramento
Cenário (execução): Cenário Arte em Arte /Joice Ribeiro (cortinas) / Priscila Mércia
(Artes e Feltro)
Músicas: Cássia Valle / Cell Dantas
Produção: Moinhos Giros de Artes
Assistentes de produção: Clésia Nogueira e Danilo Cerqueira
Comunicação visual: Clésia Nogueira
Iluminação: Rivaldo Rio
Sonorização: Jeferson Souza
Figurino: Ifá veste/ Madá Negrif/ Meninos Rei
Elenco: Aya Dantas/ Clara Cardoso/ Kely Ribeiro/ Lucila Laura/ Naira da Hora/ Shirlei
Silva/ Taciano Rocha/ Vagner Jesus
Músicos: Cell Dantas/ Daniel Vieira (Nine)/ João Victor Soares/ Shirlei Silva/ Welber
Crêw
Artistas colaboradores: Clésia Nogueira/ Denise da Silva/ Ednaldo Muniz/ Felipe
Calicott/ Guilherme Hunder/ Marcos Dedé/ Merry Batista/ Yan Santos
Agradecimentos: Bando de Teatro Olodum/ Central Eventos/ Débora Landim/ Felipe
Calicott/ Lázaro Ramos/ Luciene Brito/ Maíra Azevedo/ Moinhos Giros de Artes/ Teatro
Vila Velha/ Thaís Mota/ Vila Dança.

Deixo aqui minhas felicitações à todas e todos realizadores e realizadoras, artistas e equipes técnicas, tanto as vencedoras e vencedores quanto as indicadas e indicados, pois representam a potencialidade da arte que pulsa aqui, mas para além do Prêmio a nossa cena é diversa, talentosa e potente, e esse é o meu principal motivo de seguir pelo jornalismo cultural.

Veja a lista completa com as premiadas e os premiados:
– Categoria Revelação – Helisleide Bomfim (pela atuação em Holocausto Brasileiro – Prontuário da Razão Degenerada)
– Categoria Espetáculo AdultoVermelho Melodrama
– Categoria Especial – Luiz Santana (Figurino, adereços e máscaras de Vermelho Melodrama)
– Categoria Ator – Ricardo Fagundes (Das ‘coisa’ dessa Vida…)
– Categoria Direção – Thiago Romero (Última Chamada)
– Categoria Espetáculo InfantojuvenilSarauzinho de Calu
– Categoria Texto – Diego Araúja (Holocausto Brasileiro – Prontuário da Razão Degenerada)
– Categoria Atriz – Ana Mametto (Sonho de Uma Noite de Verão na Bahia)