Revista Sobrado

Roberto Aguiar

Gal 75, de Gal Costa
Um projeto que está em execução. A baiana Gal Costa comemora 75 anos de vida com regravações de alguns de seus sucessos. O disco que será lançado pela Biscoito Fino em 2021, provisoriamente, é batizado de Gal 75. O projeto foi idealizado por Marcus Preto e veio sendo produzido em meio à pandemia. Serão 10 canções, cada uma com participação de um convidado, de diferentes gerações: Criolo, Rubel, Rodrigo Amarante, Seu Jorge, Silva, Tim Bernardes, Zé Ibarra e Zeca Veloso; o português António Zambujo e o uruguaio Jorge Drexler completam a lista.

Enquanto o disco físico não chega às lojas, Gal Costa liberando as gravações. Seis delas já estão disponíveis no canal do YouTube da Biscoito Fino: Avarandado (participação de Rodrigo Amarante), Nenhuma Dor (participação de Zeca Veloso), Juventude Transviada (participação de Seu Jorge), Meu Bem, Meu Mal (participação de Zé Ibarra),  Coração Vagabundo (participação de Rubel) e Negro Amor (participação de Jorge Drexler).

Serenata, de Fagner
O novo disco de Fagner, lançado este mês, marca a estreia do cantor cearense na gravadora Biscoito Fino. O disco é uma seleção de serestas e clássicos da música popular gravados originalmente por grandes vozes da Era do Rádio, como Francisco Alves, Sílvio Caldas, Orlando Silva e Vicente Celestino. A seleção afetiva de Fagner reúne temas de Pixinguinha, Silvio Caldas, Cartola, Orestes Barbosa, Vinícius de Moraes e Chico Buarque, entre outros compositores. A seleção foi feita por Fagner baseada em suas lembranças de menino, quando ouvia em casa o rádio por influência do irmão Fares Cândido Lopes. A quem ele diz que devia o disco. Garanto que foi um lindo presente de Natal.

Tarsila Carvalho

Jacksons do Pandeiro, da companhia teatral Barca dos Corações Partidos
Meu primeiro destaque do ano na música é a trilha sonora do espetáculo Jacksons do Pandeiro, da companhia teatral Barca dos Corações Partidos, disponível no Spotify, Deezer e Apple Music. O grupo de teatro musical originado no Rio (mas cujos integrantes vêm de diversas partes do Brasil) atua há oito anos e ganhou notoriedade com o espetáculo Auê (2016), cuja trilha de canções autorais também pode ser ouvida nas plataformas. Em Jacksons, o grupo revisita clássicos do Rei do Ritmo com sensíveis e inventivos arranjos de Beto Lemos e Alfredo Del Penho, acrescentando também composições autorais ao universo cantado por Jackson. Das 54 músicas que compõem o espetáculo, que também conta com os artistas convidados Luiza Loroza, Everton Coroné e Lucas dos Prazeres, quinze foram escolhidas para o álbum, com prioridade para as composições originais e as músicas mais célebres de Jackson. Para os amantes da cultura brasileira, a obra é um presente no qual a companhia consolida mais uma vez a sua excelência artística.

Rough and Rowdy Ways, de Bob Dylan
Dentre os álbuns filhos do isolamento social, o que mais me marcou foi ouvir canções autorais novas de Bob Dylan pela primeira vez desde o Tempest (2012). Seu 39º álbum de estúdio, Rough and Rowdy Ways foi lançado em junho e se tornou um dos mais escutados da minha lista – e fez Dylan alcançar pela primeira vez a primeira posição na Billboard com a música Murder Must Foul. A obra exprime grande maturidade na escrita de Dylan, cujo modo poético e marcante de falar da vida, do amor e da morte que lhe tornou quem é envelhece que nem vinho. Destaco a primeira faixa, I Contain Multitudes: auto-explicativa.

Victória Valentina

Fine Line, de Harry Styles
O Fine Line é do finalzinho de 2019, mas a indicação ao GRAMMYs não nega que é um dos melhores discos lançados neste último ano. O segundo álbum de estúdio do britânico Harry Styles entregou desde um hit chiclete, Watermelon Sugar, até canções que fogem do até então usual do artista, como Sunflower vol. 6, que é uma das minhas preferidas. Das 12 faixas, cinco se tornaram singles, e as estéticas diferentes mostram a versatilidade de Harry ao fazer música e conduzir seus clipes.

THE ALBUM, de BLACKPINK
Se você tem vontade de conhecer mais sobre k-pop e não sabe por onde começar, te indico o THE ALBUM, o primeiro disco do grupo feminino sul-coreano BLACKPINK. Elas, que surgiram lá em 2016, só lançaram um trabalho completo em 2020, mas entregaram muito conceito desde o debut. Este primeiro álbum completo tem só oito músicas, sendo algumas completamente em inglês, que incluem participações de artistas ocidentais como Selena Gomez e Cardi B. Singles como How You Like That e Lovesick Girls formam a lista, e têm ajudado o grupo a alcançar quase 1 bilhão de reproduções no Spotify. Para além das canções, os clipes, figurinos e coreografias são sempre impecáveis, surpreendendo quem não é acostumado a consumir música sul-coreana. É só colocar a tradução e se jogar no conceito.

Vinícius Marques

Olorum, de Mateus Aleluia
Logo na música de abertura, a mesma que dá nome ao título, Mateus Aleluia faz uma súplica. Não é exagero resumir o pedido do eterno Tincoã com o pedido de muitos de nós. “Olorum, sai do seu reino e vem nos ver”. O terceiro disco solo do cachoeirano é renovador do começo ao fim. Vale a pena assistir também a live de lançamento que o artista fez para o #SescEmCasa.

Rastilho, de Kiko Dinucci
O último lançamento do um terço do grupo Metá Metá mostra mais uma vez o grande artista que é Kiko Dinucci. Entre trabalhos solos e colaborações, ele só tem acertado. Em Rastilho, ele eleva sua excelente produção. A capa do disco é um deleite à parte. 

Menções:
Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água, de Luedji Luna
Corpo Sem Juízo, Jup do Bairro
Do Meu Coração Nu, Zé Manoel

Xande Fateicha

Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água, de Luedji Luna
Esse álbum mais recente da cantora baiana Luedji Luna é uma delicia – inclusive estou ouvindo ele agora escrevendo esse texto. Esse é um álbum tão amplo, mostrando uma pluralidade na cantora, que tem canções conhecidas e famosas, mas que não seguem uma única vertente. Luedji Luna caminha pelo jazz, soul, MPB e faz isso não unicamente em um álbum específico, a carreira dela é assim.

Não Passa Vontade, música de ANAVITÓRIA com participação de Duda Beat
Quando eu ouvi, não queria mais parar. Interpretada pelas três cantoras, a letra fala de uma espera pelo amor. Elas cantam que já estão preparadas, só esperando. O clipe não mostra ao certo quem é o amor, se é o espectador, se são elas, tanto a letra quanto o clipe deixam no ar. Eu gosto tanto do beat de Duda Beat (risos). É uma levada tão marcante, ela cumpre um papel legítimo como convidada, pois leva a batida que faz um diferencial na canção e foge do usual de ANAVITÓRIA.