Revista Sobrado
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Hiran: “Eu quero que essa minha volta por cima seja inspiração”

Em 2018, o rapper Hiran viu sua vida mudar quando seu primeiro álbum, Tem Mana no Rap, começou a se espalhar por todo o Brasil. Baiano de Alagoinhas, Hiran entendeu que precisava voar mais longe para continuar com seu trabalho. Em ascensão, o cantor se estabeleceu no Rio de Janeiro e deu início a nova etapa de sua carreira. Nessa trajetória curta, porém notável, o artista colaborou com Caetano Veloso, que o apadrinho; Ivete Sangalo; Duda Beat e muitos outros. No ano passado, Hiran lançou seu segundo trabalho de estúdio, o Galinheiro, e passou a enxergar a própria carreira com novos olhares.

Agora, em maio de 2021, Hiran volta com um novo trabalho, mesmo sem ter tido a oportunidade de levar o seu Galinheiro para as ruas. No EP História, o rapper apresenta em suas próprias palavras – e com sua visão -, uma produção audiovisual que conta com as participações de Margareth Menezes, Linn da Quebrada e o conterrâneo Wendel.

Em entrevista para a Sobrado, Hiran conta o processo que foi voltar do Rio de Janeiro para Alagoinhas, sua terra natal, e como esse período na cidade maravilhosa mudou sua vida e o fez querer se reconectar com suas raízes. Na conversa, Hiran ainda fala um pouco das ideias para o terceiro disco, que deve ser lançado em 2022.

Sobrado: Recentemente, nas redes sociais, você começou um processo de despedida do álbum Galinheiro. Como foi para você finalizar esse momento com esse álbum que te proporcionou ainda mais projeção e prestígio?
Hiran: O Galinheiro foi uma loucura. Foi muito caótico, fiz ele num momento muito caótico na minha cabeça. Lancei no meio da pandemia e as coisas estavam muito loucas. Vi as coisas acontecerem a partir dele. Fui indicado a prêmios, várias coisas que eu almejava ele me trouxe, mas foi muito difícil absorver essas paradas à medida que elas estavam acontecendo, porque tinha muita coisa ruim acontecendo no mundo. Precisava parar um pouquinho, dar um tempo para refletir. Hoje, olho para trás e vejo que o Galinheiro foi um momento muito importante para minha vida, em vários sentidos. Foram várias transições que eu passei, tá ligado? Quando eu soltei o disco, eu precisei digerir, escutar ele várias vezes depois, e fazendo os projetos ali com ele, à medida que foi passando o tempo. Hoje em dia eu entendo Galinheiro mais do que quando eu lancei, bota fé? (risos). Hoje em dia, eu consigo entender mais a importância dele na minha vida e acho que é o momento que passou. Estou em outro momento agora, por isso que eu tô lançando esse EP tão cedo. O Galinheiro foi lançado em junho do ano passado e há menos de um ano estou lançando outro projeto. Normalmente, me dou mais tempo pra digerir as coisas, mais tempo pra rodar e fazer os shows. Tá sendo bem reconfortante entender o Galinheiro agora, nesse momento.

S: E ele surgiu, como você falou, durante a pandemia, e tudo foi encerrado durante a pandemia. Tem uma coisa agridoce nesse processo de ter essa boa recepção da crítica, prêmios, público e não poder levar isso pra rua, fazer shows, ou você está encarando isso de uma forma mais tranquila?
H: Rapaz, tudo o que eu faço é pra chegar naquele momento do show, sabe? Eu não sou um artista que gosta de fazer videoclipe mais do que eu gosto de fazer show, que gosta de estúdio mais do que fazer show. Para mim, o videoclipe é uma forma de você fazer propaganda do que é o show. O disco é você fazer uma propaganda do que é a experiência de você ouvir aquela pessoa cantar, ouvir aquela pessoa se apresentar. E eu vivo pra fazer show, que é tudo o que mais amo na vida fazer, tá ligado? Então, tem sido muito difícil para mim. Tudo isso que eu faço, são coisas que são processos cansativos, como gravar videoclipe, por exemplo, gravar música no estúdio. São processos cansativos e repetitivos, que você tem que sempre tá buscando se conectar com o sentimento da parada de uma forma que seja mais natural possível, mas às vezes você já gravou trinta takes da mesma parada, entendeu? Fica ali casando. Show não tem isso, show é hardcore. Você chega e tudo o que você sabe fazer, tudo que você tá preparado pra fazer, você tem que fazer na lata. A maior adrenalina que dá é no show. Sou viciado em fazer show, sou viciado na adrenalina de ficar nervoso antes de fazer show e chegar na hora ali e desabrochar. E, graças a Deus, o meu primeiro disco, Tem Mana no Rap, me possibilitou fazer muitos shows, conhecer boa parte desse Brasil aí, fazer muitos festivais e eu viciei nisso, nessa experiência. Sou viciado nessa parada. Acho que a parada mais difícil que a pandemia me trouxe foi isso, parar de fazer show. O resto eu lidei melhor do que com isso.

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S: Agora me fala um pouquinho desse processo pra chegar no EP, o História. Você já disse que “é um cara de álbuns”, por que você está lançando um EP agora?
H: Eu respeito muito os processos. Quando eu fiz o Tem Mana no Rap, meu primeiro disco, eu fui para o estúdio e falei tudo o que era pra falar. Chegou uma hora que eu tinha falado tudo sobre aquele tópico, naquele universo, que eu fiz assim: “Pronto, agora eu acabei”. Eu até tentei botar outras músicas depois… Eu tinha oito músicas e eu queria lançar o álbum com dez faixas, só que nenhuma das músicas que eu fiz depois se encaixou naquele universo e aí entendi que todo disco tem um processo de começo, meio e fim. Quando eu fiz o Galinheiro foi a mesma coisa, não consegui manter uma linha narrativa uniforme, seguir um pensamento só, discorrer sobre uma coisa só. Foram várias coisas diferentes que mexeram na minha cabeça. A loucura da pandemia me fez ter vários sentimentos sobre várias coisas, mas quando eu terminei a última parte, eu sabia que eu tinha acabado. História são duas músicas que me falaram que eu deveria lançar separadas, porque falam de universos diferentes, mas, na minha cabeça, essas duas músicas marcavam um outro momento. Nada que eu fizesse encaixava ali, porque ali estava completo, tudo o que eu queria dizer naquele momento estava ali. A ideia de fazer um filme, um curtazinho, com essas duas músicas, é mais para unificar essas ideias na cabeça das pessoas. Isso aqui é uma coisa só, é um momento só, que não é o Galinheiro, que não é o Tem Mana no Rap e que também não é meu próximo disco, que eu, inclusive, já comecei a fazer. Devo lançar no ano que vem, em algum momento. História é esse outro momento que eu passei, nessa transição, e que teve começo, meio e fim, mesmo sendo só essas duas músicas.

S: E, pra você, qual o contraponto entre as duas músicas do EP, Na Água de Oxum e Bang de Batidão?
H: Uma é um Ijexá e a outra é um trap, tipo… (risos) São muito diferentes. As duas, juntas, representam um processo de cura que eu passei depois que eu pirei no Rio de Janeiro. Morando no Rio, dei uma pirada uma hora, fiquei meio louco assim, e aí eu voltei para Alagoinhas, minha cidade natal, e foi muito estranho sair do Rio de Janeiro e voltar para o interior da Bahia. Sair do olho do furacão, dessa vez com todas as experiências que eu tinha vivido… Sei lá, eu me apresentei no baile da Vogue, fui para a Globo fazer o Criança Esperança, tá ligado? Dividi palco com Ivete Sangalo, Duda Beat, Emicida. Vivi todas essas paradas ali, aquele mundo. Eu morei num predinho, onde a galera da Paula Lavigne mora, que ela era minha empresária. Vivi tudo isso, convivi com Caetano, gravei com Caetano, cantei com Caetano. Vivi tudo isso e voltei pra casa completamente diferente de como saí. Tive que passar por esse processo. Me forcei a isso, na verdade, de botar o pé no chão, lembrar quem eu era, porque eu fiquei muito ansioso, doente, acho que pelo contexto todo da minha vida e a pandemia, tudo misturado, e aí voltei pra casa e dei uma pirada aqui. Só que essa pirada que dei aqui foi mais reflexiva. Eu voltei pro meu eu infantil, pra minha criança interior, e aí eu me curei aqui. Fiz santo nesse processo de reflexão, eu achei um tempo pra me iniciar no candomblé, e aí juntei uma coisa na outra. A primeira música é sobre essa reflexão que eu tive sobre esse encontro com a minha sexualidade e, na verdade, esse encontro meu comigo mesmo, e a segunda música é como se fosse a volta por cima. Tipo, agora eu passei por isso e tô pronto pra próxima, passei por isso e não desisti. Busquei ajuda para dar a volta por cima, precisava fazer desse momento não só essa reflexão para curar da tristeza, mas também que eu mostrasse essa volta por cima de uma forma bem visual para todo mundo entender que o processo não termina só na reflexão. A atitude que você tem depois, o que você entrega depois, também é muito importante.

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S: E como você falou, você tem passado a pandemia aí na sua cidade natal. Eu lembro que no Galinheiro você já estava aí, então a gente pode afirmar que voltar para Alagoinhas te fez querer dar novos rumos a sua carreira?
H: Claro, com certeza absolutíssima! Eu acho que as pessoas vão ver esse filme e vão entender muita coisa. Tem muitos elementos surpresas. Tem uma história contada no meio, e eu acho que as pessoas vão entender muito, muito, muito, muito desse processo que eu passei. Apesar de poético, tentei deixar mais literal possível pra que as pessoas possam entender o processo que passei. Eu vim pra casa e depois que cheguei aqui, passou um tempo e eu fiz muita coisa. Eu gravei o Sofá Sound daqui de Alagoinhas, eu gravei vídeo para o edital daqui de Alagoinhas. Eu fui ao Rio de Janeiro só uma vez gravar o Versões da Multishow e o MTV Miaw, que eu concorri, mas foi a única vez que saí de Alagoinhas desde que eu vim pra cá, em março do ano passado, tá ligado? E desde então eu estou aqui. Fui em Salvador fazer o Afropunk, gravar uma coisa aqui, uma coisa ali, mas todos os feats que eu gravei nesse ano, como o com Arthur Nogueira, por exemplo, que lançamos recentemente, gravei o clipe na minha casa, aqui em Alagoinhas. Eu trouxe a equipe pra cá, ao invés de sair. Todo esse tempo aqui tem sido de muita importância para mim. Acho que me reencontrei aqui e voltei para os meus amigos de infância, que são meus amigos de verdade. Voltei para a minha família, que é quem me ama de verdade, eu voltei para o meu terreiro, que é onde eu encontro paz de verdade. E entendi que existe essa vida toda da fama e do sucesso e que a gente almeja, que a gente busca, mas que isso é um pedaço da minha vida, que não é nem de longe a mais importante. Entendi que todas essas ansiedades que são causadas na gente, são coisas que a gente tem que aprender a se blindar. Eu sou um jovem de vinte e poucos anos que não consumo TikTok, eu não consumo boa parte das coisas que as pessoas estão fazendo ali em massa nas redes sociais. E eu precisei passar por isso tudo pra entender que eu não preciso me encaixar nesse bagulho, tá ligado? Eu sou um artista e que minha parada é fazer música e que se meu Orixá me permitir continuar sobrevivendo de boa, conseguir botar comida na mesa, eu vou até o final pela minha arte e é isso que eu quero que me defina. Então, isso é uma mudança drástica porque eu tava em outro ambiente no passado. Eu estava com outras cobranças, com outras expectativas, que agora eu já não tenho mais.

S: E as duas faixas contam com participações especiais de Margerth Menezes, Linn da Quebrada e Wendel. Como foi a escolha para essas pessoas?
H: Margareth Menezes é como se fosse a voz maternal, ancestral, feminina que me acalma, me acalma na volta pra casa. É muito forte pensar que Margareth topou estar em uma música minha, música que eu escrevi. Cada pessoa tem um papel, a Margareth entra como essa voz ancestral, maternal. Na música eu falo de Oxum e o colo da minha mãe. É uma música dedicada à minha mãe, que aparece no vídeo também, e na música eu parto do amor maternal de Oxum, puxando para o amor da minha mãe, o colo da minha mãe, que é o que me salvou dentro dessa loucura toda. E eu queria uma mulher preta como minha mãe, como eu imagino a personificação de Oxum, pra cantar isso, trazer isso à tona e dar vida a isso. E Margareth é essa pessoa. Eu não a conhecia proximamente, a gente se conhecia de ter se encontrado algumas vezes, mas quando eu fiz o convite a ela, eu fiquei receoso. Ouço Margareth desde que nasci. Sou muito fã, minha mãe é muito fã. É muito louco isso. Quando você convive com a pessoa, de perto, fica mais fácil, então eu não sabia se ela ia topar, mas quando ela topou, meu coração se encheu de alegria (risos). Queria que tivesse um contraponto e Linn da Quebrada é a mulher preta que eu sinto que me deu afago, quando eu não estava aqui (Alagoinhas). Conversei com muitas mulheres pretas no caminho, sobre meus processos antes de voltar para casa. Encontrei muitas mulheres pretas, me apeguei muito a elas. A Mahmund, a Tássia Reis, a Liniker… E a Linn foi uma dessas mulheres que eu tive esse contato. Toda vez que ela abre a boca eu aprendo tanta coisa, tanta coisa! E eu queria que ela representasse essa voz da mulher preta fora de casa, que sempre esteve ali por perto, conseguindo me deixar com o mínimo de pé no chão, que, inclusive, foi o motivo que eu tive a consciência na hora de voltar, pensei: “Eu não estou conseguindo me conectar com essas paradas, essas pessoas de São Paulo, do Rio, já vivem essa parada. Preciso voltar pro meu cantinho”. A Linn representa essa voz feminina fora de casa. E Wendel pra mim é o futuro. Ele entra na segunda faixa. Ele é um jovem de Alagoinhas, cheio de sonhos, cheio de esperanças, mas completamente quebrado com a pandemia e com expectativas. Ele é uma pessoa que tem muito para dizer, um jovem muito talentoso, talvez o MC mais talentoso que eu conheço. Ele só tem 20 anos e eu conheço ele desde os 17 ou 16, não lembro. Temos uma relação próxima. É meio eu e ele, eu tomo conta dele aqui, e, pra mim, ele é o futuro. Eu olho pra ele hoje e me vejo quando eu queria sair de Alagoinhas pra ir pra Salvador fazer música. Sinto exatamente o que eu sentia, vejo ele falar exatamente as coisas que eu falava e as mesmas preocupações. Então, no geral, Margareth é onde isso começa e é em Wendel que tem que acabar, sabe? Ele vem depois de mim e eu quero que essa minha volta por cima seja inspiração e esteja linkada a outras pessoas iguais a mim. Não quero que a minha história termine comigo, quero que ele continue essa história e ele consiga atingir as paradas dele. É ele que termina a música, termina o EP.

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S: E o EP visual é esteticamente muito bonito, muito bem produzido. Desde o começo a ideia era que esse fosse um EP visual? Como foi o processo de criação do roteiro e depois a produção em si? Você já tinha participado de algo do tipo?
H: É muito louco porque eu não sei se você sabe disso, mas eu roteirizei, codirigi, assumi a produção e fiz o casting. Escolhi as locações, idealizei esse filme junto com os meninos da Dendezeiro – Hisan e Pedro Batalha – que são meus melhores amigos. Trabalhamos juntos e vivemos muito juntos, somos muito amigos mesmo. Hisan é meu irmão de santo, enfim. Tanto eu quanto eles, a gente tinha essa vontade de fazer um filme assim, uma parada que linkasse o meu trabalho ao deles, mas que ficasse marcado como uma coisa que a gente fez juntos. Cheguei pra eles com várias ideias, com um roteiro maluco da minha cabeça, transcrevemos tudo isso e eles co-roteirizaram comigo. O Hisan codirigiu comigo e o Lucas Belaguarda, que é o diretor de fotografia, um menino talentosíssimo do sul, de Floripa, veio para Alagoinhas só para fazer esse vídeo. No final, eu sabia o que era importante mostrar. É um vídeo muito pessoal. É a minha história. Todas essas pessoas entraram no bolo para contar a minha história. Gravamos na minha rua, na minha casa, nos arredores da minha casa, nos lugares que eu conheço e frequentei, num rio da minha cidade. Toda a equipe de suporte é daqui, meus amigos de infância, pessoas que já trampei antes de ir para Salvador. Eu nunca tive a frente de produção de vídeo nenhum. Sempre fui meio controlador, não vou mentir para você. Minhas coisas eu sempre tentei dar um dedão, mas essa foi a primeira vez que eu tive o poder de dizer ‘Não vai’ ou ‘Vai’, ‘Não quero’ ou ‘Quero’. E as pessoas confiaram também em mim. Desde o transporte que todo mundo ia ter ao almoço de todo mundo, ao documento de direitos de imagem, eu que me encarreguei de tudo, inclusive dirigir, atuar e cantar. Nas Águas de Oxum eu escrevi a letra sozinho, Bang de Batidão eu escrevi minha parte toda e o refrão, e o Wendel escreveu o último verso. É um projeto que quase todo eu escrevi sozinho, então eu meio que sabia por onde que eu queria caminhar para mostrar quando escrevi as músicas. E é muito louco porque tudo o que eu coloquei no papel, tudo a gente fez. Agora nunca mais quero parar de produzir e dirigir meus próprios videoclipes (risos). Quando vi o resultado, estava exatamente como eu pensei e eu acho que isso me deu uma sensação de êxtase, de realização tão bonita que eu quero tentar manter isso o máximo que eu conseguir. É um inferno?! É um inferno! É uma loucura?! É uma loucura! Não é fácil, é de muita loucura, na pandemia então. Testes de covid, toda essa loucura. Mantivemos todos os protocolos e valeu a pena.

S: Você falou que esse EP é algo mais isolado na sua discografia, mas a gente pode esperar que ele dê um novo ponto de partida, que o novo álbum seja esteticamente mais parecido com esse EP?
H: Sonoramente eu não sei te informar, devo lançar ano que vem, mas o disco que eu estou fazendo agora, até então, nas prévias, ele está muito diferente do EP e muito diferente das outras coisas que eu também já fiz. Muito diferente, muito mesmo. Outro lugar, outra parada, as pessoas não vão entender nada. Mas, eu acho que em termos de narrativa, de composição, de preocupação. Não sei, acho que dá o tom diferente de texto. No primeiro disco, é uma coisa mais ferida, sem filtro, mais agressiva. O segundo é mais um suspiro, mais pop, uma parada mais ‘light’, apesar de ser um turbilhão de sensações, de sentimentos, de emoções e sentidos diferentes. Galinheiro é caótico, mas não é tão agressivo, não tô com tanta raiva. Tô mais louco do que com raiva. Esse momento, com História, é como se fosse um respiro desse inferno todo, chega uma hora que eu precisava, sei lá, dar um tempo e parar de tentar tanto no que fazer e como apresentar e deixar mais o coração falar, tá ligado? E isso é o que vou levar para os próximos discos. Nunca mais vou fazer uma coisa que eu não esteja confortável. Nunca mais vou pensar nas consequências como objetivo da produção. Nunca mais quero olhar pra uma produção e visar consequência como objetivo. Acho que o objetivo tem que ser falar a verdade e transpor o que está sentindo, antes de qualquer coisa.