Revista Sobrado
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Pastor Sargento Isidório: “A retomada da economia em Salvador se iniciará via turismo”

Sob o título “Vamos Cuidar de Gente”, o Plano de Governo à prefeitura de Salvador do Pastor Sargento Isidório (Avante) tem dezesseis páginas e é dividido em três eixos: Salvador Cuidadora, que diz respeito aos serviços públicos fundamentais como educação e saúde; Salvador Dinâmica, que contempla infraestrutura, saneamento, economia, turismo e cultura; e Salvador Transparente, voltado ao controle e transparência dos gastos públicos.

O projeto pouco expõe a visão e os projetos da chapa para a vida artística e cultural da cidade. Em entrevista à Sobrado, o pastor e militar, atual Deputado Federal, cita a criação de um Observatório de Cultura e de um Fórum Permanente de Cultura para a capital baiana e afirma que, caso eleito, a sua gestão buscará apoio empresarial para gerar emprego e renda para o setor.  

Sobrado: Logo no início, seu Plano de Governo cita símbolos da arte e da cultura baiana, como o trio de Dodô e Osmar e os Novos Baianos. No entanto, o projeto pouco versa sobre propostas culturais para a cidade. Por quê?
Pastor Sargento Isidório: Temos que entender cada soteropolitano(a) hoje como um ativo imprescindível da nossa cultura e da economia criativa. Tenho estudado este tema e nossa equipe já tem como consenso que a retomada da economia em Salvador se iniciará via turismo. Logo, bem utilizar nossos pontos de cultura e a força histórica da primeira capital do Brasil é chave para que cada soteropolitano(a) e/ou turista vivencie na plenitude a sorte de estar em Salvador. Nosso plano de governo chama essa abordagem de “Salvador Dinâmica”. Em outras palavras, temos que dialogar com as forças vivas da sociedade e pensar em soluções novas para atrair essa demanda reprimida pelo coronavírus, bem como investimentos globais, com foco em áreas nas quais Salvador tem maior potencial de desenvolvimento, rede de fornecedores e mão de obra especializada. Somos uma cidade essencialmente de serviços. Formando um ambiente digital de negócios, conectando nossa capital ao Brasil e ao mundo – literalmente.

S: No tópico Cultura e Turismo, o senhor pretende implementar o programa Curtir Salvador, para valorizar e potencializar os movimentos culturais. De que forma isso seria feito?
PSI: Nosso plano de governo trata no eixo estruturante “Salvador da Gente” da criação dos corredores culturais. Ou seja, a melhor utilização dos espaços públicos da cidade para geração de valor e fomento das atividades artísticas econômicas, sobretudo à noite. Afinal, os artistas de rua, os músicos, dançarinos, malabares e mágicos por exemplo, são grandes agregadores de plateia e como tal devem ser pensados como multiplicadores da maravilhosa experiência que deve se tornar conhecer Salvador. Sempre salvaguardando os protocolos de distanciamento social enquanto durar a pandemia. 

No que tange o programa Curtir Salvador, partimos do entendimento de que o município deve  conhecer, reconhecer, valorizar e potencializar os movimentos culturais e criar melhores condições para a ampliação do turismo na capital nos seus 170 bairros. Ainda mais Salvador, que é um grande museu a céu aberto.  Para tanto, vamos criar o Observatório da Cultura, lugar onde a Prefeitura irá acompanhar os projetos desenvolvidos por artistas e grupos culturais para dirimir necessidades e demandas específicas, de naturezas diversas, por meio do apoio institucional; criar o Fórum Permanente de Cultura, com o intuito de garantir o diálogo constante entre a Prefeitura e o setor cultural, e assim garantir condições para o desenvolvimento das ações culturais coordenadas; criar o Prêmio Salvador de Cultura, com premiação de artistas nas áreas de música, dança, teatro, cinema, literatura e artes plásticas, com a realização de mostras para participação da população na escolha dos premiados. Por fim, com o novo Centro de Convenções, implementar uma política mais agressiva de atração de eventos e congressos regionais, nacionais e internacionais, inclusive por meio de isenções de taxas e descontos em impostos de cultura. Até porque Salvador é a principal porta de entrada da Bahia e do Nordeste Brasileiro e sobre a temática de descontos em impostos de cultura, podemos falar com propriedade, fomos a primeira candidatura a falar, no eixo estruturante “Mais Empregos Menos Impostos”, o que é claro vai contemplar o setor cultural da cidade. Além de conferir a necessária moratória aos milhares de empresários do entretenimento e da cultura da cidade em troca da manutenção de postos de trabalho, é claro! Uma moratória de verdade sem juros e pegadinhas e não a meia boca apresentada pela atual gestão.

S: Ainda no mesmo tópico, o senhor cita a criação de um Fórum Permanente de Cultura. Poderia explicar um pouco mais essa proposta? Que ações seriam desenvolvidas a partir do Fórum e como seriam exequíveis em termos econômicos?
PSI: Intermediar os atores culturais da cidade em relação a sazonalidade, banco de talentos, fluxo turístico e viabilidade econômica. Este fórum vai pensar a cultura de Salvador para os próximos dez, vinte, trinta anos, de modo que a Prefeitura busque dinheiro empresarial para gerar empregos e renda, construindo parcerias para este segmento chave da capital baiana.

S: Um dos tópicos presentes no Plano de Governo diz respeito a oferecer à população LGBT “um convívio respeitoso”. Em outros momentos, o senhor já exibiu condutas contrárias, ofensivas à população e à cultura LGBT. O que mudou? O senhor, como Prefeito da cidade, estaria disposto a fortalecer o mercado artístico voltado ao público LGBT?
PSI: Não existe conduta contrária ao público LGBTQI+. Quem propaga isso está a serviço das fake news. Na função pública de Prefeito vou governar para todos, sem exceção! Essa interpretação errônea que sou contra meus irmãos LGBTQI+ não procede, tenho minha fé e a exerço como determina o expediente constitucional sem nunca misturar as coisas, as estações. Gays, lésbicas vitimados pelas drogas que optam em sair delas vão morar comigo, os trato como filhos lendo a palavra de Deus para todos, desejando o melhor para hoje e para o futuro. A quem cabe fortalecer o mercado artístico gay é a iniciativa privada.

S: O plano para Economia Criativa do seu governo englobaria o setor artístico e cultural? De que forma isso seria executado?
PSI: Sim, o setor artístico e cultural de Salvador é chave para sairmos da encalacrada da Covid-19 e não é possível pensar Salvador sem a sua cultura, sua arte e seu povo maravilhoso. Chegando à Prefeitura, vamos incentivar não apenas a economia criativa, mas também o empreendedorismo social e cultural buscando também recursos públicos e privados de modo que o maior patrimônio da cidade – o(a) soteropolitano(a) – melhore de vida de forma sustentável e longeva. Vamos buscar parceria com o SENAI CIMATEC, o Parque Tecnológico do Estado, além de ir atrás de recursos nacionais e internacionais no sentido de aumentar o alcance da criatividade do povo soteropolitano. Fortalecendo também o viés profissionalizante da nossa população. Sobre tal tema podemos falar com propriedade, pois estamos construindo na Fundação Dr Jesus a segunda maior Escola Técnica da Bahia. Uma nova e necessária fronteira cidadã para atuar junto ao público que nunca usou droga. 

S: Em sua proposta para a Educação, o senhor cita uma oferta de disciplinas voltadas à inclusão digital. A falta de acesso às tecnologias digitais ainda é um fator que exclui a maior parte da população brasileira do acesso à informação. Como ultrapassar essa barreira?
PSI: Investindo no maior ativo tecnológico que existe, o(a) cidad(ã)o soteropolitano(a). Sou obrigado a repetir: vamos ampliar e muito a presença do ensino profissionalizante na capital baiana. Em outras palavras, vamos cuidar de gente principalmente através da educação! Fui forjado no social e ampliar a instalação de Escolas Técnicas Profissionalizantes para nossa capital será a prioridade das prioridades da nossa gestão. Pela ordem, vamos instalar Escolas Técnicas em Cajazeiras, outra no Subúrbio Ferroviário e a terceira em Brotas já em análise com os técnicos, a construção da quarta Escola Técnica será no bairro da Liberdade, pois estes são os bairros mais populosos de Salvador.

S: Para finalizar, que política o senhor, enquanto Prefeito, pretende implementar para levar arte e cultura aos bairros mais pobres e vulneráveis da cidade?
PSI: Os corredores de cultura vão revelar talentos natos soteropolitanos, propiciar este espaço cidadão naturalmente surgirá grandes artistas com certeza! Essa também será uma tarefa estratégica do Fórum Permanente de Cultura: mostrar para os baianos e turistas de Salvador o que temos de mais pujante para o Brasil e para o mundo quando o assunto for arte, cultura e entretenimento.